Imaginar que as diversas frases atribuídas a Agatha Christie ou Clarice Lispector quase que diariamente nas redes sociais sejam, na verdade, mentiras deslavadas, talvez seja algo simples de fazer. Muito mais complicado é identificar quando fontes de informação, fatos ou mesmo contextos inteiros são intencionalmente fabricados, disseminados e acreditados por quem não tenha acesso à verdade — ou ao menos àquilo que convencionamos ser a verdade.
Fora do debate filosófico acerca da natureza da verdade, fato é que precisamos de balizas no mundo para podermos nos guiar em relação a o que é e o que não é. Nesse sentido, as notícias — e, por extensão, os jornalistas e os veículos — sempre foram referências de credibilidade e de isenção para o relato e a análise dos fatos.
Contudo, tal como citei acima, é muito mais difícil entender como um link para uma notícia sobre uma acusação atribuída a um político possa ser falso do que desmentir citações absurdas associadas a escritoras famosas. Isso porque a capacidade das pessoas em discernir mito de realidade é muito mais comprometida no primeiro caso, que se refere diretamente à credibilidade que publicações — impressas ou digitais — ainda possuem no imaginário das pessoas.
Trocando em miúdos: um portal de notícias ainda carrega consigo a noção de credibilidade na comparação com o post no Facebook que busca associar uma piada à caneta de Albert Einstein ou de William Shakespeare. Mas mesmo essa segurança que existe ao se consumir conteúdo de portais de renome e/ou reconhecidos como críveis e confiáveis tem limite.
E é nesse momento que a assessoria pode ser uma grande aliada dos jornalistas e da opinião pública em geral no combate às fake news por prover informação qualificada, checada e atrelada a nomes de relevância nos diferentes mercados de atuação.
Por exemplo, seja nos mercados alimentício ou imobiliário, que lidam com os anseios de muitas pessoas, uma informação equivocada pode ter consequências graves na atuação dos consumidores. Nesse sentido, a assessoria pode ajudar os jornalistas a encontrarem fontes qualificadas para desmentir mitos e trazer a realidade dos setores da economia.
Ajudar os jornalistas na reconstrução dos fatos — não somente os mais óbvios, que dependam da mera observação direta, mas principalmente tudo aquilo que demande o conhecimento de um contexto muito mais amplo — é uma das tarefas que foram impostas pela realidade a qualquer pessoa que queira fazer assessoria de imprensa.
A noção remonta à ideia primeira de “assessorar”: sentar-se ao lado, ajudar. Muito distante da velha — e sem sentido algum — rixa entre jornalistas e assessores pela primazia da informação, a parceira entre assessorias responsáveis e veículos de imprensa realmente preocupados em noticiar o que é de fato pode ser uma das únicas defesas que ainda temos contra a disseminação das fake news.
Seja no auxílio a serviços de fact-checking ou mesmo fazendo a ponte entre detentores de informação privilegiada e verificável, a assessoria tem muito a oferecer a quem se disponha a investigar o que acontece no mundo digital e no de carne e osso. E acredito que, nesta batalha contra a informação enviesada ou abertamente mentirosa, todo auxílio que possamos angariar é válido.
Por Amanda Alves, coordenadora de assessoria de imprensa na Vira Comunicação.